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Análise – Gran Turismo 7

Gran Turismo 7 é um dos títulos mais esperados pelos fãs de carros desde há muito tempo. Ainda que Gran Turismo Sport tenha dado um gosto do que é uma competição “real” entre jogadores, seguindo regras já bem estabelecidas pelos profissionais, uma grande parte da comunidade ficou de fora. E se formos ainda mais para trás, Gran Turismo 6 já saiu quase há uma década. Então, é bastante compreensível que GT7 tenha que aguentar com as expectativas muito altas dos fãs da série.

É precisar deixar claro que Gran Turismo 7 tenta agradar a todos os tipos de aficionados de carros e/ou desportos motorizados. Seja pela condução, seja pelo desafio de tentar ver quem é o mais rápido, seja por poder experimentar carros que nunca poderiam experimentar de qualquer outra forma, seja por poderem personalizar o carro até ao mais ínfimo detalhe, seja por apreciarem a forma e visual dos carros e simplesmente fotografar até fartar todos os detalhes e texturas existentes no mais pequeno elemento do carro, seja até por gostar de conduzir e ouvir música ao mesmo tempo, GT7 tenta agradar ao maior número de pessoas possível. E fá-lo bastante bem.

Temos uma novidade, o novo modo Music Rally, uma tentativa de chamar jogadores novatos no género, ou apenas mais casuais no que toca a carros, colocando as corridas contra o tempo de forma diferente. É uma maneira de introduzir jogadores a Gran Turismo, em que o foco não é propriamente os carros ou até a condução, mas sim a música. Contamos com 6 faixas e aqui, os segundos foram substituídos por batidas. É realmente uma maneira diferente de introduzir o género, mas não sei bem quem irá realmente apreciar este modo. Mas ele existe, e poderá agradar a quem normalmente não esteja interessado em jogos de carros “normais” ou até simuladores. De certa forma, introduz também o modo Music Replay, modo este que gera filmagens automáticas de acordo com a música pretendida, de forma a termos uma montagem profissional da nossa prova, a um som à nossa escolha, que esteja disponível no jogo.

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Temos também o modo Scapes, ou as fotografias de corrida, onde podemos explorar os vários ângulos de cada veículo, sendo que o modo Scapes utiliza um fundo do mundo real, seja Copenhaga, seja Japão ou até Faro, existe uma excelente escolha de fundos e mundos para cada tipo de fotógrafo, ambiente ou veículo. Já as fotografias de corrida, tal como o nome indica, são oportunidades que podemos utilizar na repetição da nossa prova e aproveitar aquele momento fervoroso da corrida e podermos tirar uma fotografia, seja dinâmica e com bastante movimento, ou então de forma singular e solitária, no pódio da prova. De notar que as opções de fotografia presentes em qualquer contexto de corrida estão fantásticas, com direito a filtros, efeitos, regra dos terços, orientação e o mais ínfimo pormenor de qualidade, este modo fará inveja a jogos de fotografia e até aos próprios fotógrafos de carros que têm uma imensidão de opções para “brincar” e tirar aquela foto perfeita que tanto ansiavam por tirar.

Desta vez não existe um modo carreira propriamente dito, mas uma espécie de programa de desafios denominado de Café, lembrando um pouco os desafios menos loucos do Top Gear envolvendo carros, em que temos um menu de desafio para completar e o objectivo final é acumular carros, sendo que para isso apenas conduzimos em vários tipos de pista, por todo o mundo. E com menos explosões e palavrões que Top Gear, é claro. Os veteranos da série poderão sentir um pouco que as rédeas estão curtas e não podem explorar todas as pistas logo no inicio, sendo que a maioria é desbloqueada neste modo, mas para quem começa poderá ser a maneira mais fácil de descobrir a história e o porquê dos vários tipos e classes de carros. De notar no entanto, que existe a opção inicial de escolher entre principiante e veterano, mas que pouco altera em termos de apresentação de menu ou desafios, que tenha notado. A dificuldade deste modo começa lentamente a aparecer ao fim dumas dezenas de horas, o que ajuda os principiantes a saberem como interagir com cada tipo/classe de carro, cada curva, cada pista, mas que irá deixar os veteranos um pouco de fora, sendo que a AI consegue ser teimosa com os lugares pré-definidos, ainda que ao longo da jogabilidade esta tende a ser mais gananciosa e tentar um lugar melhor. Ainda assim, existe uma sensação de facilidade sobre o jogo. No entanto, estão prometidas dificuldades mais realistas num conteúdo futuro, por isso é algo a ter em conta.

Temos também um vendedor de carros usados, para além de carros novos, conceptuais e lendários, o que facilita imenso a acumulação de carros na garagem. No entanto, tanto quanto tenha percebido e desbloqueado até à escrita desta análise, não podemos vender carros. E isso é um ponto negativo, pois o mercado de compra parece minimamente realista, com carros mais raros a terem preços inflacionados devido ao seu pequeno número de exemplares, espelhando a realidade do mercado actual, mas se tivermos dois carros iguais na nossa colecção, apenas podemos descartar o carro repetido, sem receber algo em troca por isso, acabando por deitar por terra a sensação de haver realmente um mercado automóvel para coleccionadores, principalmente se quisermos aproveitar os créditos para aperfeiçoar aquele carro realmente especial na nossa colecção ou simplesmente ter uns créditos extra para comprar um outro carro para aumentar a nossa colecção. A não ser que seja um adição a ser colocada no futuro, existe aqui uma falha que facilmente podia ser colmatada.

As físicas no jogo estão a um nível espectacular, e como tal todas as definições alteradas na Tuning Shop alteram completamente a forma como o veículo se irá comportar, como já acontecia em títulos anteriores. Mas a imensidão de opções de compra, juntando ao facto de termos ainda mais opções de personalização da altura da parte frontal ou traseira do carro, pneus frontais e traseiros, o ajuste de peso ou potência disponível em cada mudança, torna a experiência ainda mais imersiva, principalmente se andarmos sempre a tentar colocar os PP’s em alta (Pontos de Performance). Estes pontos serão muitos importantes, porque cada corrida pode ter um valor mínimo e um valor máximo de performance, o que coloca cada tipo/classe de carro de forma separada, para não termos um FIAT 500 a competir com um FORD GT. Podemos sempre personalizar um corrida com esses parâmetros e tentar a nossa sorte, mas isso fica para os desafios pessoais ou entre amigos. Podemos também alterar um pouco o visual do veículo de forma a torná-lo mais performante, como saias laterais, spoilers e carroçaria nova, como também a mudança de óleo, desgaste dos pneus e até uma lavagem, podem fazer toda a diferença entre ficar em primeiro numa corrida, ou em segundo.

Temos também outros modos que voltam a ser destaque no mundo de Gran Turismo, como é o caso da liga Sport que retorna em grande à série, onde podemos participar numa liga, com regras, direitos, deveres e pontos acumulados por cada performance realizada; temos as licenças e cartas de condução, que nos dão possibilidade de entrar em competições mais exigentes ao logo do nosso percurso como automobilista profissional e conseguir utilizar veículo mais potentes; temos o Multiplayer para aquelas tardes de amigos ou apenas uma competição mais casual com estranhos pela Internet, sendo que existe de tudo um pouco para cada tipo de aficionado motorizado. De lembrar que a série já teve uma derivação apenas dedicada a motociclos, e dado que em GT7 não são apenas carros que temos disponíveis para utilizar, poderá ser uma adição a ter em conta no futuro deste título.

O modo Sport vem do título anterior da série, que apenas explorou o lado competitivo da série e deixa para trás a experiência Single Player, numa forma de conceptualizar e estudar o que pode ser melhorado no título a nível de competitividade a longo prazo. É preciso estar inscrito neste modo para participar, as regras são mais exigentes, seja o nosso comportamento para ter uma corrida limpa, seja a maneira como conduzimos normalmente e ultrapassamos outros carros, a nossa atitude perante os outros condutores, etc. Posteriormente, entramos na liga Sport e podemos participar em vários tipos de corrida. Tendo em conta que temos humanos a controlar, a liga será o modo mais complicado e realmente demonstrar a nossa habilidade no Gran Turismo.

Os gráficos de GT7 estão soberbos! Os carros estão com uma qualidade gráfica muito boa, principalmente no modo fotografia, onde podemos mesmo ver a qualidade dos modelos dos carros, pneus, jantes, travões, etc. e conseguimos perceber qual a secção perfeitamente apenas pela sua textura. A série Gran Turismo sempre teve uma fidelidade gráfica excelente em cada altura que era lançado um novo título, sendo que desta vez conseguiram um grafismo espantosamente bom, ficando atrás apenas em comportamentos fora dos carros e corridas (por exemplo pessoas e animais), que não condicionam de qualquer forma a diversão e imersão do jogo. Tanto os danos do carro, como os menus simplistas, que lembram Gran Turismo 4, voltaram e deixam uma sensação duma certa nostalgia, sendo que para mim foi o título da série que mais tempo passei e foi excelente voltar a sentir um certo conforto por “voltar a casa”.

É verdadeiramente impressionante a qualidade visual do jogo, principalmente se tivermos em conta que os interiores e exteriores de cada carro estão aqui bem representados, em qualquer altura da jogabilidade. GT7 é também um dos maiores jogos na PlayStation 5, se não o maior jogo da plataforma, sendo ainda maior, em termos de espaço no disco, que Horizon Forbidden West. Assim, podemos ver a quantidade de detalhes que o jogo possui desde pistas, físicas, personalização visual, afinação, passando por detalhes no interior do carro que apenas o maior aficionado de carros vai notar as semelhanças entre o real e o virtual. Mas que estão lá e com uma qualidade fenomenal. E tendo em conta que este jogo também irá estar disponível, é de louvar o trabalho da equipa pela qualidade da irmã mais velha, que até numa PS4 base o jogo corre extremamente bem, ainda que muitos efeitos visuais não estão ao mesmo nível da irmã mais nova.

A banda sonora de GT7 é bastante eclética. Temos alguns temas de títulos passados, reinterpretações inesperadas, e até a surpresa ocasional de reinterpretações de músicas clássicas. Os únicos temas, na minha opinião, que ficam um pouco aquém da qualidade esperada, são as reinterpretações de músicas clássicas, que normalmente tocam quando estamos a visualizar detalhes do carro, seja na nossa garagem ou na garagem da oficina. De resto, é uma selecção excelente. Temos uma grande variedade de temas, bem como uma grande variedade de tipos de música, desde música clássica, como foi referido anteriormente, lounge, jazz, bossa nova, passando pela música electrónica e rock, o que deixa espaço para vários tipos de jogadores poderem apreciar a sonoplastia do jogo.

Já na parte do sound design, temos uma quantidade tremenda de efeitos sonoros, desde os vários sons dos pneus a chiar no asfalto, a chuva a cair no pára-brisas, os vários tipos de som dos motores (dentro e fora do cockpit, depois e antes das afinações do motor), é simplesmente uma experiência poder ouvir os vários tipos de motores em cada veículo. Chegou ao ponto de apreciar muito mais os barulhos dos veículos e retirar por completo a música durante as corridas, como acontecia em títulos anteriores, e simplesmente…ouvir o desafino motorizado. Ou então os barulhos do carro após a corrida, o estalar de cada componente fervilhante ao diminuir de temperatura. De notar que os barulhos na estrada, associados aos barulhos dos motores e à vibração genial do DualSense, a experiência é bastante imersiva e muitas vezes representa a realidade frenética das corridas.

Em termos de longevidade, o jogo tem tanto tipo de conteúdo e tanto conteúdo dentro de cada tipo que parece até intimidador tentar desbloquear tudo o que o jogo tem para oferecer. Desde a lista de veículos, que apesar de ser menor que outros títulos da série, cada veículo tem as suas próprias físicas, aerodinâmicas e sons associados, e que é notável o cuidado dado a cada pormenor, passando pelos modos competitivos e modos extra como a fotografia, que temos ao nosso dispor uma quantidade infindável de opções para tirar aquele clique perfeito, é simplesmente arrebatador, e por vezes assustador, como foi possível colocar tanta quantidade de tarefas num jogo que apenas é sobre carros. E que não é mundo aberto. Provavelmente o ponto mais forte do título e da série, e possivelmente do género.

Gran Turismo 7 é um jogo para verdadeiros apreciadores de carros. Como já é habito, os visuais deslumbrantes, os menus elegantes, o cuidado dado a cada veículo e a imensidão de conteúdo, irá deslumbrar qualquer fã da série. Mas da mesma forma que todos estes pontos fazem parte do ADN da série, também fazem parte as falhas da inteligência artificial, sendo um dos pontos negativos da série desde há muito tempo. Ainda assim, é possível ver que existe aqui um cuidado extra na tentativa de entrada de novatos na série, com várias opções que irão ajudar os mais estranhos à série, ou até o género, a conseguir entender cada pormenor do mundo GT, sendo que é difícil um veterano ficar indiferente perante a qualidade do jogo e quantidade de conteúdo disponível. Um título obrigatório para qualquer aficionado de automobilismo.

█ F.S.

Análise – Gran Turismo 7

Nota: esta análise foi feita em conjunto com o veterano da série João Pedro Sousa

GRAN TURISMO 7 estará disponível para PlayStation®4 e PlayStation®5 dia 4 de Março. Para mais informações, visita o website oficial.

Gran Turismo 7 é um dos títulos mais esperados pelos fãs de carros desde há muito tempo. Ainda que Gran Turismo Sport tenha dado um gosto do que é uma competição "real" entre jogadores, seguindo regras já bem estabelecidas pelos profissionais, uma grande parte da comunidade ficou de fora. E…

Gran Turismo 7 (PlayStation 5)

Jogabilidade - 85%
Gráficos - 95%
Som / Banda Sonora - 94%
Longevidade - 97%

93%

Excelente

Gran Turismo 7 é um jogo para verdadeiros apreciadores de carros. Os visuais deslumbrantes, os menus elegantes, o cuidado dado a cada veículo e a imensidão de conteúdo, irá deslumbrar qualquer fã da série. Mas da mesma forma que todos estes pontos fazem parte do ADN da série, também fazem parte as falhas da inteligência artificial. Ainda assim, é possível ver que existe aqui um cuidado extra na tentativa de entrada de novatos na série, sendo que é difícil um veterano ficar indiferente perante a qualidade do jogo e quantidade de conteúdo disponível. Um título obrigatório para qualquer aficionado de automobilismo.

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Filipe Silva
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