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Análise – Session: Skate Sim (PS5)

Não é um exagero quando digo que o Session Skate Sim é o jogo de Skate mais realista de sempre. Inicialmente lançado em early access para o PC em 2019, o jogo da Creā-ture Studios chega agora na sua versão completa em 2022, não só ao PC, como também às consolas PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X|S.

Jogabilidade realista

A jogabilidade de Session é até aos dias de hoje a mais realista em jogos de Skateboarding. A comparação mais frequente tem sido feita com o jogo Skate da Electronic Arts, que era até agora o jogo com mais precisão em termos de controlos. Mas o que torna Session tão diferente?

Para começar, em Session cada um dos analógicos do comando vai controlar um dos pés do Skater, onde podemos escolher nas definições se queremos que o analógico direito controle o pé direito e o analógico esquerdo o pé esquerdo, ou então que o analógico direito controle o pé de trás e o esquerdo da frente, independentemente de qual dos pés seja. Por exemplo, se eu quiser fazer um Ollie, temos de dar o pop para baixo com o analógico do nosso pé de trás e deslizar o analógico do pé da frente para cima, tal como se estivéssemos a fazer um Ollie com os pés na vida real. Esta feature por si só faz com que a forma como fazemos as manobras seja muito mais realista do que qualquer outro jogo, mas claro que Session não fica por aqui.

Para remar podemos utilizar tanto o X, para remar com o nosso pé dominante, que fica atrás no skate, como também o Quadrado, sendo que aqui o nosso personagem já faz aquilo que no mundo do skate chamamos de “remada mongo”, onde se rema com o pé não dominante, que fica à frente, deixando o pé dominante na parte de trás do skate. Na vida real, a “remada mongo” é bastante instável, e o Session consegue transparecer de forma extremamente realista essa instabilidade tanto no skater como no próprio skate. Claro que para podermos definir qual será a nossa remada, podemos escolher nas definições qual a nossa stance, ou seja, podemos escolher se somos “regular”, que significa ter o pé direito como dominante, ou “goofy”, que corresponde a ter o pé esquerdo como dominante. Pressionar qualquer um dos botões de remada de forma repetida e rápida vai fazer com que a nossa remada seja cada vez mais veloz e por sua vez dê mais velocidade no skate.

No Skater Guide podemos ver como fazer cada uma das manobras. A lista de manobras disponíveis é enorme e conta com clássicos como o Kickflip e o Pop Shuv-It, como também com manobras mais complexas, como é o caso do Laserflip ou do Varial Heel, e até manobras que ainda estão em fase experimental, que são os Caspers, os Primos e os Lip Tricks. Todas estas manobras têm também as suas variantes, incluindo as formas back-side, front-side, 180 e 360. Algo que torna Session ainda mais único é o facto de que as animações de cada uma das manobras não são estáticas, ou seja, elas adaptam-se e modificam-se consoante a forma como fazemos a manobra nos analógicos. A sensibilidade dos próprios analógicos e a forma como os usamos afeta essa mesma variação nas manobras, e para fazer manuals, por exemplo, é necessário encontrar o ponto de equilíbrio perfeito no analógico, algo que necessita de bastante prática.

Os equipamentos podem ser ajustados à nossa medida, sendo que podemos alterar as dimensões do nosso shape, com possibilidade de escolher um skate de 7.75”, 8”, 8.1”, 8.125”, 8.25”, 8.3”, 8.38”, 8.5”, 8.6” 8.75”, 9”, 9.25”, 9.5” e 9.6”. Esta é uma gama de variedades bastante completa, com tamanhos que até são pouco comuns de se verem na vida real, mas que em Session são mais que meras opções de personalização. A escolha do tamanho do nosso shape/deck afeta diretamente a forma como o nosso skate reage e por sua vez a nossa forma de andar no skate. Não só o tamanho do shape, como também o tipo e altura dos trucks, os milímetros e rigidez das rodas, os deck rails e também os riser pads afetam a forma como o nosso skate se comporta, levando o realismo a um novo nível com esta feature.

O controlo da direção é feito com os triggers do comando. Algo que leva a um processo de habituação mais demorado por estarmos habituados a controlar sempre a direção dos nossos personagens com o analógico, mas que ao fim de algum tempo percebemos o quão prático e intuitivo é este sistema.

Todas estas mecânicas dão a um jogador que ande de skate na vida real, uma sensação de familiaridade única, pois tudo é intuitivo e tal como na vida real é necessária muita prática e memória muscular para conseguir dominar as manobras. O jogo tem uma curva de aprendizagem bastante semelhante àquela de aprender a andar de skate na vida real, mas claro que com menos nódoas negras e também bastante mais rápida.

Claro que aqui não andamos sempre em cima do skate. Ao clicarmos no triângulo, podemos sair do skate e andar a pé, e podemos escolher o momento em que queremos voltar para o cimo do skate. Aqui sentimos que as opções são mais limitadas, visto que apenas podemos andar, correr e saltar a uma determinada altura. As animações são bastante robotizadas e pouco naturais ao andarmos a pé, e os controlos ficam semelhantes a jogos de ação como é o caso do GTA.

Física

A física em Session tem quase tudo de bom, excepto claro, o que tem de mal. Mais do que nunca vemos uma física realista, onde pequenos detalhes como descer um lancil do passeio a grande velocidade, sem dar um ligeiro pop, resulta numa queda aparatosa tal como na vida real. Esta parte da física está muito bem representada, tal como o timing dos saltos, dos grinds em obstáculos, o timing entre o pop e o flick do outro pé, e tudo o resto em geral, mas infelizmente tem de haver um “mas”. A física do jogo peca apenas pelo facto de por vezes ser excessivamente exagerada, ou seja, basta um toque ligeiro em qualquer coisa, mesmo que a uma velocidade bastante lenta, para uma queda aparatosa, que não seria caso para isso na vida real. Claro que este detalhe não mancha a qualidade geral da física ao ponto de se tornar um ponto negativo, mas este poderá ser um ponto importante e trabalhar para um próximo update do jogo.

Ajustes de dificuldade

Não é de estranhar que se considere que Session sejam um jogo difícil, tendo em conta o seu nível de realismo. Para tornar o jogo mais acessível a quem esteja a ter dificuldades em se adaptar, o jogo conta com algumas definições de dificuldade que podemos alterar. Podemos escolher um dos presets, ou alterar manualmente cada uma das definições para ajustar ao nosso estilo de jogo, tendo opções para alterar a rotação do corpo, a forma como trucks e rodas reagem, criar mais facilidade para manobras de flip, grind e revert, e até trocar com que analógico controlamos cada pé. Podemos ainda alterar as definições de wear and tear, e fazer com que o nosso equipamento e roupas se desgastem e sujem com a utilização.

 

Gráficos e animações

O ambiente e os cenários em Session contam com detalhes gráficos bastante bonitos, o nosso skate e a nossa personagem em cima do skate são também eles bastante trabalhados e bonitos em geral. Mas se virmos a cara do nosso personagem parece que temos algo descontextualizado do cenário, pela falta de detalhe e visual “abonecado”, isso é ainda mais evidente quando vemos os NPC’s, onde não só a cara como toda a estrutura do corpo parece abonecada.

O contraste entre as animações do nosso protagonista e até dos NPC’s enquanto estão no skate e quando estão a pé são ainda mais contrastantes. As animações no skate são quase perfeitas, e tal como referido anteriormente ajustam-se à forma como executamos as manobras nos analógicos e como conduzimos o nosso personagem. Algumas falhas nas animações levam a pés contorcidos ou a rebolar em cima da tábua e a quedas com contorções pouco realistas, mas a já anteriormente mencionada forma robótica como o nosso personagem anda, salta, corre e contorna obstáculos a pé, é deveras um ponto fraco, sendo que corta a imersão em que as restantes partes do jogo nos envolvem.

 

Personalização do personagem e skate

Tal como referido na parte em que falo do gameplay, podemos personalizar o nosso skate escolhendo o tamanho do shape, o tipo e altura dos trucks, os milímetros e rigidez das rodas, os deck rails e os riser pads. Além da personalização mais técnica, o Session permite uma personalização mais visual, onde podemos alterar o desenho do nosso deck, da grip tape, das rodas e até a cor dos trucks. Além da personalização do skate, podemos escolher roupas para o nosso personagem, desde camisolas e t-shirts, calças e calções, calçado e até chapéus e gorros. A seleção é um pouco limitada, mas conta com parcerias com marcas reais e conhecidas do público. Podemos ainda comprar à parte do jogo base, packs de roupas e outros elementos de personalização de marcas específicas.

Localizações reais

Todas as cidades do Session são recriações de localizações reais. Nova Iorque, Filadélfia e São Francisco têm alguns dos seus spots de skate mais icónicos representados neste jogo da forma mais fiel possível. Esta fidelidade e recriação ao detalhe tornam a experiência ainda mais agradável, e é extremamente cativante recriar virtualmente manobras que já vimos os nossos skaters favoritos executar pelas ruas destas cidades dos EUA. Podemos viajar pelo mapa do jogo através do fast travel no menu, ou então a partir de paragens de autocarro, que nos levam a cada uma das localizações designadas na lista.

Os ciclos de noite e dia podem ser programados e dão ainda mais realismo ao jogo. O único ponto negativo é a iluminação quando fica de noite. O nosso personagem fica iluminado com aquilo que aparenta ser uma luz direcional fixada na câmara. Isto apesar de ser prático para nos facilitar a visibilidade, faz com que a luz seja demasiado artificial e pouco realista, sendo por vezes até brilhante demais. Podemos ainda preencher o nosso mapa com pedestres, que estão neste momento ainda numa fase experimental.

Constrói a tua pista

Qual o fã da modalidade que nunca sonhou em replicar as pistas da SLS ou da LPS? Ao clicarmos no L1 podemos escolher obstáculos e montá-los no terreno, sendo que podemos criar a nossa própria pista. Inicialmente recebemos alguns tipos de obstáculos completando algumas missões, mas podemos desbloquear mais na loja de skate. É principalmente no cre-ature park que este modo é mais satisfatório, por termos espaço vazio e alguns obstáculos que podemos mover, rodar, alterar a altura, a inclinação e posicionar da forma que preferirmos.

 

Elenco familiar

O jogo conta com um modo de história, onde temos de concluir missões e ganhar reputação para podermos avançar. As missões vão deste fazer determinadas manobras e determinados obstáculos, a fazer sequências de manobras, visitar certos locais, falar com NPC’s e até montar pistas DIY. Muitas das missões são-nos atribuídas por nomes bastante sonantes no mundo do skate, como é o caso de Dane Burman, Daewon Song, Antiferg, Annie Guglia, Manny Santiago, Torey Pudwill, Jahmir Brown, Billy Marks, Donovan Strain, Mark Appleyard, Louie Barletta, Ryan Thompson, Nora Vasconcellos, Samarria Brevard e até do misterioso mito da internet Ribs Man. O grande objetivo é não só concluir as missões, como também alcançar o status de Pro e ser patrocinado pela loja. Além das missões principais temos ainda desafio históricos, desafios Pro e missões secundárias.

Replay Editor

É no replay editor que podemos escolher o ponto perfeito para as nossas fotografias e clipes. Podemos avançar e recuar no tempo, escolher o ponto exato e ajustar a câmara, luzes, entre outras definições para tirar a fotografia perfeita. Podemos ainda escolher secções para fazer clipes de vídeo das nossas manobras mais ousadas, ou até mesmo das mais desastradas.

Um jogo vivo

Session é um jogo vivo, pois continua em constante desenvolvimento e recebe updates recorrentes com novas features, melhorias e polimentos. Num dos mais recentes updates, por exemplo, foi adicionada uma feature que nos diz o nome da manobra que acabámos de concretizar, algo que é comum noutros jogos de skate, mas ainda não estava presente na versão final do jogo, apesar de estar anteriormente na versão early access do jogo.

Veredicto

Session Skate Sim é sem dúvida o mais realista jogo de skate de todos os tempos. O seu realismo leva a um nível de dificuldade acima da média, com uma curva de aprendizagem semelhante à da vida real, que requer muita paciência e treino para levar à perfeição. O realismo e dificuldade deste jogo seriam o pretexto perfeito para levar Session aos palcos de eSports e introduzir no universo dos desportos virtuais, uma modalidade tão adorada pelo público. Apesar de ser ainda um trabalho em construção e de ter os seus defeitos, Session tem potencial para não só ser o mais realista jogo de skate, como também o melhor jogo de skate de sempre e uma referência absoluta para o género.

Session Skate Sim está disponível para PlayStation®4|5Xbox One e Xbox Series S|X, e no PC via STEAM® e Epic Games Store. Para mais informações, visita o website oficial.

Não é um exagero quando digo que o Session Skate Sim é o jogo de Skate mais realista de sempre. Inicialmente lançado em early access para o PC em 2019, o jogo da Creā-ture Studios chega agora na sua versão completa em 2022, não só ao PC, como também às consolas…

Session: Skate Sim (PS5)

História - 90%
Jogabilidade - 100%
Gráficos - 76%
Som/Banda Sonora - 87%
Longevidade - 84%

87%

Muito Bom

Session Skate Sim é sem dúvida o mais realista jogo de skate de todos os tempos. O seu realismo leva a um nível de dificuldade acima da média, com uma curva de aprendizagem semelhante à da vida real, que requer muita paciência e treino para levar à perfeição. Apesar de ser ainda um trabalho em construção e de ter os seus defeitos, Session tem potencial para não só ser o mais realista jogo de skate, como também o melhor jogo de skate de sempre e uma referência absoluta para o género.

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