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Análise – The Last of Us Parte II

É impossível falar da segunda parte de The Last of Us sem referir a importância da sua prequela, tanto para o mundo dos videojogos como para mim. Lançado em 2013, The Last of Us supreendeu imenso não só pela sua qualidade gráfica e mecânicas inovadoras, como também (e principalmente) pela sua narrativa envolvente e muitíssimo bem pensada. Foi sem dúvida uma das minhas melhores experiências enquanto “gamer” e ser humano, pois é um jogo capaz de fazer pensar e questionar não só as escolhas de algumas personagens, como também da humanidade em geral.

The giraffes. Those goddamn giraffes…

Mas hoje não estamos aqui para falar do passado, portanto vamos avançar para a análise do grande jogo do momento: The Last of Us Parte II.

Antes de mais, quero realçar que para apreciarem o jogo na sua plenitude deverão jogar a sua prequela primeiro. Não é mandatório pois os principais acontecimentos de The Last of Us são explicados ao jogador através de vários diálogos, mas existe uma grande carga emocional que será perdida caso não o façam. Apesar desta análise não conter spoilers, sinto que também poderá ser vantajoso mergulhar nesta narrativa sem qualquer tipo de pressupostos.

Portanto, se queres ter uma experiência completa, o momento certo para parares de ler é agora.

Passados quatro anos desde os acontecimentos do jogo anterior, Ellie e Joel encontram-se a viver numa vila chamada Jackson. Apesar da necessidade de se fazer rondas diárias para garantir que não existem infectados por perto, ambos parecem relativamente felizes com a vida pacata que levam. O tom do jogo permanece igual durante as primeiras duas ou três horas, mas um certo acontecimento troca as voltas a Ellie e faz com que esta parta numa jornada em direção a Seattle com a sua parceira Dina, em busca de vingança.

Ao chegar a Seattle deparamo-nos com uma cidade fantasma, cheia de edifícios para explorar. É uma excelente oportunidade para procurar recursos (armas, munições, suplementos, etc), mas é preciso ter em conta que nestas ruínas “vivem” vários infectados famintos, prontos para atacar quem quer que se atreva a invadir o seu espaço. No entanto, não é só com os infectados que temos de nos preocupar…

Esta é uma boa altura para apresentar as duas facções de sobreviventes presentes em TLOUII. Com os fireflies aparentemente extintos, Seattle é ocupada maioritariamente pela Washington Liberation Front (ou Wolves), uma força militar liderada por Isaac que assumiu o controlo sobre a cidade. Temos também os Seraphites (ou Scars), uma espécie de tribo religiosa que condena o uso de tecnologia e armas de fogo, servindo-se apenas de arcos e flechas.

Ao longo da nossa aventura existem inúmeras situações onde vamos ter de passar por campos repletos de inimigos e normalmente o uso de armas fogo não é a melhor solução, visto que o estrilho causado vai alertar outros rivais. A melhor opção será evitar ser detetado, mesmo que pelo caminho tenhamos de abater alguns adversários sorrateiramente. À medida que avançamos no jogo temos a possibilidade de fortalecer a nossa personagem (combate, vida, sensibilidade, etc) usando os suplementos encontrados. O mesmo acontece com as armas, mas em vez de suplementos precisamos de parafusos e uma mesa de trabalho.

Apesar de TLOUII ser um jogo de survival horror/aventura, à semelhança da primeira parte existem vários momentos onde podemos simplesmente desligar de todos os males do mundo e apreciar não só as paisagens extraordinárias e extremamente detalhadas como também os pequenos pormenores que a Naughty Dog preparou para nós. Fotografias, desenhos, posters… Objectos banais que naquele contexto tornam-se especiais. Praticamente todos os locais têm algum tipo de caracterização que nos faz imaginar como seria o ambiente daquele sítio antes do apocalipse e consequentemente dar mais valor ao que hoje tomamos como garantido.

Toda esta experiência é acompanhada por uma banda sonora de alto nível, que ficou a cargo de Gustavo Santaolalla. A certa altura, somos também supreendidos por um hit do anos 80 que na minha opinião assenta que nem uma luva tendo em conta o momento. Quando ia a metade do jogo decidi fazer o download do pack de vozes portuguesas, melhorando assim a experiência do meu pai que não é fluente em inglês (sim, em alguns casos ele gosta de assistir enquanto jogo). Não posso dizer que é uma dobragem perfeita, mas é bastante competente!

TLOUII é uma aventura que pode ser vivida por qualquer pessoa que tenha interesse em faze-lo. O jogo não só conta com várias dificuldades capazes desafiar todo espectro de jogadores, como também com uma série de funcionalidades que tornam a sua jogabilidade possível para pessoas com as mais variadas limitações.

À semelhança do episódio anterior, TLOUII destaca-se em todos os aspectos mas é a sua narrativa que o torna um jogo único. Embora o foco desta história não seja a relação entre Ellie e Joel como era na primeira parte, a cumplicidade entre os dois é desenvolvida em algumas ocasiões através de vários diálogos e flashbacks que nos levam a criar uma ligação ainda maior com as personagens. A dada altura começamos também a compreender e perceber os motivos por trás das ações de algumas das novas personagens, acabando por ganhar afeto pelas mesmas.

Por esta altura, já todos temos conhecimento de que muitos dos “fãs” da série estão decepcionados com o produto entregue pela Naughty Dog. TLOUII é um jogo bastante sólido, mas não é perfeito. Por vezes senti que o motivo dado para chegar do ponto A ao ponto B não era forte ou interessante o suficiente, acabando por ligar o “piloto automático”. No entanto, as análises negativas prendem-se com outras questões. É verdade que a empresa tomou algumas decisões arriscadas, mas quero aproveitar a oportunidade para dar a minha opinião sobre o assunto:

Existem jogos em que não é preciso pensar e podemos simplesmente ficar entretidos enquanto jogamos e comemos um balde de pipocas. TLOUII é mais do que isso. A Naughty Dog podia ter optado por uma história cliché, daquelas que acabam e seguimos com a nossa vida como se nada fosse. Neste caso, o jogo não acaba nos créditos, mas sim quando conseguimos compreender e aceitar as escolhas de algumas das personagens. O jogo exige sentido crítico e mostra que nem tudo tem de ser preto ou branco. Muitas das vezes é cinzento.

Online podemos também encontrar críticas relativas ao facto de jogarmos com personagens LGBT+ e transgénero. A Ellie tem uma namorada. E daí? TLOUII é um jogo sobre vingança, a sexualidade das personagens presentes em nada influencia a história que Neil Druckmann pretende contar. Se o jogo irritou pessoas que promovem o ódio sem sentido, então acho que a Naughty Dog fez um excelente trabalho.

É impossível falar da segunda parte de The Last of Us sem referir a importância da sua prequela, tanto para o mundo dos videojogos como para mim. Lançado em 2013, The Last of Us supreendeu imenso não só pela sua qualidade gráfica e mecânicas inovadoras, como também (e principalmente) pela…
Jogabilidade - 95%
Som / Banda Sonora - 95%
Gráficos - 95%
Longevidade - 90%

94%

Uma obra-prima capaz de provocar todos aqueles que tenham o estômago para digerir uma montanha-russa de emoções. The Last of Us Parte II culmina numa reflexão pessoal que somente as boas histórias são capazes de proporcionar.

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Francisco Xavier
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2 comments

2 Pings/Trackbacks for "Análise – The Last of Us Parte II"
  1. […] o título. E com esta desculpa, era a melhor forma de também continuar com a história com o The Last Of Us Parte II. Um bom jogo com uma “pintura nova”, tem tudo para ser bem […]

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