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Análise – Days Gone

Após uma geração que se aproxima aos poucos do seu final de vida e que ficou marcada por imensos jogos em mundo aberto, a Bend Studio da Sony, conhecida por jogos como Syphon Filter e dois dos mais recentes títulos da aclamada série Uncharted para a PS Vitaentrega-nos em mão o seu mais recente jogo de ação, aventura e sobrevivência em mundo aberto para a PS4, Days Gone.

A história de Days Gone passa-se dois anos após o incidente que deixou milhões de pessoas transformadas em Freakers e que tornou Oregon, um dos 50 estados dos Estados Unidos da América, num cenário pós-apocalíptico. O nosso protagonista chama-se Deacon St. John (Deek para os amigos), um motoqueiro e ex-militar. Se estão à espera de ver um protagonista totalmente “badass” ou “heróico” ao estilo de Nathan Drake, posso dizer-vos que Deek não é esse tipo de pessoa. O nosso protagonista é apenas uma pessoa normal com a qual muitos de nós nos podemos identificar de alguma forma, que apenas tenta sobreviver como pode a um mundo caótico.

A história de Days Gone é muito focada na narrativa. Em boa parte dela , o jogo transporta-nos para o passado através de flashbacks, para alturas antes do acontecimento que transformou grande parte da população em Freakers. Os Freakers estão vivos e precisam de se alimentar tal como os humanos. No entanto, são canibais e a sua agilidade e agressividade são maiores. Muitos desses flashbacks são sobre Sarah, que é uma personagem bastante importante para Deek e que de certa forma, ajudou a traçar a sua personalidade após os acontecimentos da infeção. O mundo de Days Gone é um mundo consideravelmente grande e posso afirmar com toda a certeza que é um dos mundos abertos mais bonitos que já vi em videojogos.

Neste jogo nunca terão mais de três objectivos marcados no mapa. Isto deve-se ao facto do estúdio ter criado um jogo em mundo aberto de forma a que o jogador nunca se perca na história, ou seja, possibilidando uma exploração do mundo em todo o seu esplendor sem grandes distrações. Muitos dos jogos em mundo aberto apresentam quantidades intermináveis de side-quests para fazer, o que faz com que o jogador se perca ou desinteresse pela história. Notou-se perfeitamente que o estúdio tentou dar a volta a esta questão oferecendo uma narrativa mais linear à sua história, que funcionou muito bem. Muitos dos objetivos principais são missões em que apenas terão de matar os Freakers, Rippers, (uma espécie de culto de humanos varridos da cabeça, obcecados pelos Freakers), ou mesmo de outros seres humanos normais. Também existem algumas missões relacionadas com a Nero (organização que estuda os Freakers), para poderem prosseguir na história. As missões (tanto primárias, quanto secundárias) são demasiado repetitivas e senti em alguns casos que estava a realizar a mesma missão várias vezes. Isto aconteceu também por alguma falta de originalidade. Por outro lado, a narrativa consegue-nos prender até ao final do jogo sem nunca nos fazer perder o interesse sobre o passado e presente de Deek, a origem da infeção, os Freakers, os Rippers e a organização Nero.

E é aqui que está um dos maiores, senão o maior,  ponto forte de Days Gone: o seu mundo.

Como já tinha referido ao início, os gráficos são mesmo muito bons, do melhor que já vi nesta geração. Nota-se que a Bend Studio soube bem o que fazer com o Unreal Engine. É preciso também salientar que o jogo possui HDR para ambas as consolas, por isso se tiveres uma televisão compatível com HDR e 4k só terás razões para sorrir. Acrescentando a isso temos um mundo bastante dinâmico. Temos um ciclo de dia e noite e cada um deles influencia no comportamento dos Freakers. De dia estes recolhem para o seus ninhos, mas mesmo assim vamos avistar uns quantos a vaguear pelo mapa, em menor quantidade. Eles vão estar ligeiramente enfraquecidos, pois são sensíveis à luz. Será à noite que a coisa fica mesmo séria. Os Freakers saem todos dos seus ninhos e para além de ficarem mais fortes, é quase impossível andar meio minuto com a mota sem avistar um. Será durante a noite que vamos encontrar hordas deles, que vão dar verdadeiros momentos de tensão e algumas dores de cabeça.

Por outro lado, à noite, é possível entrar em modo stealth com maior eficácia, pois a visão dos Freakers é reduzida e será a melhor altura para podermos queimar os seus ninhos que são zonas vermelhas marcadas no mapa. Um fator bastante importante é que chove imenso em Oregon e podemos aproveitar o barulho da chuva para amenizar o som dos nossos passos, o que torna ainda mais difícil sermos detetados pelos Freakers, pelos doidos dos Rippers e até mesmo por outros humanos.

O mundo de Days Gone também está cheio de recursos, desde plantas, animais que podemos caçar e objetos de variados tipos. Podemos usar estes recursos para fabricar algumas armas, melhorá-las e também fabricar remédios, de modo a podermos sobreviver durante o nosso percurso. Na verdade, o mundo tem tantos materiais para te oferecer que quase chega a tirar o feeling de sobrevivência do jogo.

Espalhados pelo mapa podemos encontrar alguns acampamentos de sobreviventes, que são locais onde poderão realizar missões para os seus respetivos donos, havendo também a possibilidade de vender recursos. Cada acampamento estará dividido em vários locais de destaque como a cozinha, onde poderão vender as plantas que colhem pelo mapa e carne dos animais que caçam, o mecânico que é o local onde poderão pintar ou melhorar a vossa mota com upgrades ao motor, escape, depósito de gasolina, equipar nitro e etc. Também irão ter um local onde poderão entregar prémios que são uma parte do corpo dos inimigos que vão matando e em troca recebemos dinheiro e confiança, que servirá para desbloquear novo inventário. Por fim, o mercador irá disponibilizar armas e munições. À medida que a confiança for subindo, melhores armas vamos tendo à nossa disposição.

Ao dormirmos nos acampamentos dos sobrevimentes passará um ciclo de 24h, mas na verdade não sabemos que horas exatas são porque o jogo não apresenta um relógio. Não é propriamente algo que reduz a experiência do jogo , mas um relógio teria sido uma implementação bem vinda para termos uma melhor noção do tempo.

Não será só nos acampamentos de sobreviventes que poderão pernoitar. Por todo o mapa existem pontos de interesse tais como os pontos de controlo do Nero e campos de emboscada dos Rippers e de saqueadores. Cada um deles difere na forma como terão de os conquistar. Nos pontos de controlo do Nero terão de lidar com os Freakers que por lá andam e deverão encontrar garrafões de gasolina para poder ligar o gerador, de forma a que as portas dos edifícios se abram. É preciso ter cuidado ao ligar o gerador pois ao fazê-lo, irão também ativar os megafones que estão espalhados pela área e que irão atrair os Freakers da zona, caso não os tenham “despachado” antes (tanto os Freakers como os megafones). Nos campos de emboscada é mais simples. Necessitarão apenas de matar todos os Rippers ou saqueadores desse campo e por fim procurar uma escotilha subterrânea que serão os seus supostos abrigos. Ao apoderarem-se tanto dos pontos de controlo como dos campos de emboscada, irão poder dormir nesses locais, tal como irás ativar a viagem rápida para esse sítios. Devem ter em atenção ao depósito de gasolina da vossa mota, pois se a gasolina acabar, ficam a pé e terão de procurar garrafões de gasolina em qualquer sitio, não podendo fazer viagens rápidas. se tiveres o azar de ficar a pé numa zona muito distante de casas ou bombas de gasolina , prepara-te para andar uns belos minutos à procura.

A banda sonora do jogo, apesar de não ser nada de épica, assenta muito bem com o clima do jogo.

A gameplay é sólida e funciona, mas não trás nada de novo e refrescante. Após alguns minutos de jogo nota-se perfeitamente que a Bend Studio tirou alguma inspiração de The Last of Us , mas mantendo a sua identidade própria. Deek tem à sua disposição um número razoável de armas: Uma primária, uma secundária e uma especial. A escolha das armas poderá ser feita ao carregar no L1 e vai aparecer o famoso circulo rotativo no ecrã, já implementado em dezenas de jogos. É também possível fabricar remédios, objectos de arremesso e melhorar a tua arma corpo a corpo no menu de armas. Devem ter em atenção que a vossa arma de corpo a corpo quebra muito rapidamente e terão de encontrar outra para a substituir em outros locais do mapa. Deek terá também um par de binóculos e uma lanterna à sua disposição.

Ao carregarmos no R3, Deek usa o seu instinto de sobrevivência. Esta funcionalidade serve para encontrar recursos e também servirá para seguirmos rastos de pegadas ou até mesmo rastos de sangue. O instinto de sobrevivência não informa onde se encontram inimigos próximos, mas por vezes mostra certos movimentos realizados anteriormente por outras pessoas, uma decisão que me deixou um pouco a franzir o nariz. O combate corpo a corpo, apesar de não ser nada de extraordinário e até ser bastante simples, funciona e cumpre bem o seu papel. Deek pode rebolar para se esquivar de ataques de inimigos, como também pode contra-atacar quando é agarrado por um Freaker ao pressionar em determinados botões. A cobertura de Deek quando se encosta a muros, carros ou casas é automática, não precisando de pressionar qualquer botão para se manter escondido e é feita de uma maneira que não é perfeita, mas competente.  O modo stealth também não surpreende e é bastante básico. Por vezes a inteligência artificial apresenta falhas e existem bugs constantes. O jogo não está carregado deles ao ponto de tornar a experiência desagradável, mas por vezes muitos deles tornam-se frustrantes. Por exemplo, houve algumas ocasiões em que me aproximava de um Freaker pelas costas e o botão que precisava carregar para dar um golpe fatal não aparecia. Cheguei também a ver Freakers que ficavam a andar contra as paredes ou subiam uma saliência e ficavam “entalados” e a “tremer”. Infelizmente estes não foram o únicos bugs que encontrei no jogo. Uma função que achei bastante bem implementada foi no uso que a Bend Studio deu ao touchpad do DualShock 4, em que facilmente podemos aceder ao menu da árvore de habilidades, inventário, história e mapa, apenas com um deslizar do dedo na direção em que cada uma se encontra quando se  abre o menu.

Sem dúvida alguma que a mota de Deek é das coisas mais divertidas que o Days Gone tem para oferecer e vai ser logo a começar o jogo que a vamos poder conduzir e tirar as primeiras impressões. A condução está muito longe de ser realista e a primeira impressão que tive foi que estava a conduzir um carro velho sem direção assistida, mas  “primeiro estranha-se, depois entranha-se”. À medida que vamos avançando no jogo e desbloqueando mais upgrades, ela vai ficando mais rápida e consequentemente mais divertida de se conduzir. Um dos maiores problemas mesmo é que a altas velocidades, existem por vezes, quedas acentuadas no frame rate.

Esta análise foi feita pelo nosso colaborador, Tiago Alves.

Após uma geração que se aproxima aos poucos do seu final de vida e que ficou marcada por imensos jogos em mundo aberto, a Bend Studio da Sony, conhecida por jogos como Syphon Filter e dois dos mais recentes títulos da aclamada série Uncharted para a PS Vita,  entrega-nos em…
Jogabilidade - 70%
Gráficos - 95%
Som/Banda Sonora - 80%
Longevidade - 85%

83%

Days Gone não é um jogo perfeito, mas não deixa de ser um jogo de elevada qualidade, daqueles a que a Sony já nos tem vindo a habituar por parte parte dos seus estúdios. Os bugs e algumas falhas da inteligência artificial são constantes e também ficamos com aquela sensação de que o mundo podia ter sido mais bem aproveitado, faltando alguma diversidade. Tirando essas questões menos boas, Days Gone é um jogo que vale a pena pela sua narrativa, pelo seu mundo altamente dinâmico e os seus visuais estonteantes.

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Francisco Xavier

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